Marinha também impediu com brutalidade desembarque em Gaza de barco tripulado por judeus
A política israelense deteve por algumas horas, anteontem (28/9), uma ativista contemplada com o Prêmio Nobel da Paz. A irlandesa Mairead Maguire (laureada em 1976 por sua ação contra a guerra civil na Irlanda do Norte) pretendia participar, a partir de hoje da conferência We can change, que se realiza em Ramallah, na Palestina ocupada. Militante histórica pela não-violência, foi considerada perigosa pelas autoridades de Telavive, que a obrigaram a voltar a Frankfurt, de onde partira.
Um dia antes, a Marinha israelense havia abordado, invadido e desviado o barcoIrene, que pretendia levar ajuda humanitária a Gaza. Ao contrário das iniciativas anteriores, em mesmo sentido, todos os dez passageiros eram judeus. A carga que transportavam era composta por material escolar, instrumentos musicais e próteses ortopédicas. Foram todos presos.
Na manhã de hoje (30/9), depois de libertados, os tripulantes do barco negaram, em entrevistas, as alegações da Marinha, segundo as quais a abordagem se deu de forma pacífica. “Os soldados foram muito brutais. Não nos mataram, como aos palestinos e muçulmanos, mas agiram com muita violência”, declarou Yonatan Shapira, um dos passageiros. Contou que foi ferido com pistolas teaser.
Outro passageiro, o octagenário Reuven Moskowitz, contou ter desafiado moralmente os soldados que invadiram o barco. Sobrevivente do Holocausto, ele comparou a atitude de Telavive à de governantes que inflingiram grandes sofrimentos aos judeus. “Estamos atingindo uma população de 1,5 milhão de pessoas, entre as quais 800 mil crianças. Quando menino, foi aprisionado por cinco anos, e não esqueço isso até hoje. Tive pesadelos a vida toda e não posso dormir direito. Vocês sabem o que estão fazendo para estas pessoas, e para nossos próprios soldados”?
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