sábado, 13 de junho de 2009

Ser bi está na moda

Elas são bonitas, femininas, vaidosas. E gostam umas das outras. Ao menos é o que dizem – e dizem cada vez mais. Em três semanas consecutivas de maio, três estrelas americanas famosas revelaram que sentem atração pelo mesmo sexo. Megan Fox, símbolo sexual da nova geração, afirmou que prefere as mulheres por serem mais “limpinhas”. O furacão Fergie, do Black Eyed Peas, disse que gostou de experimentar moças. A performática Lady Gaga confirmou sua bissexualidade – e aproveitou para lançar um clipe da nova música beijando outra mulher. Em abril, fora a vez de Kelly McGillis, musa dos anos 80.

A jovem atriz americana Lindsay Lohan, ídolo teen do cinema, não tem escondido sua dor de cotovelo depois que a namorada, uma DJ, a abandonou. Isso sem falar na megaestrela Angelina Jolie, que, antes de se tornar mãe de família, alardeava sua bissexualidade (Brad Pitt acreditou, mas na cama do casal, em vez de outras mulheres, há cada vez mais crianças). No Brasil, Preta Gil não cansa de se rotular como “total flex”. Afinal, trata-se da liberação de um desejo feminino ou de estratégia de marketing?

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Poupar os dólares do petróleo brasileiro

A humanidade vai um dia encontrar um substituto para esse líquido escuro e pegajoso. Enquanto isso não ocorre, é crucial utilizar as reservas com sabedoria. Principalmente no Brasil, com a descoberta de petróleo na área da camada pré-sal no litoral do país. Agora, o que fazer com os dólares obtidos? A opção mais racional é o depósito dos lucros do petróleo em um fundo externo, gastando-se apenas parte dos rendimentos. Isso preservaria a riqueza para as gerações futuras e impediria pressões cambiais e inflacionárias desestabilizadoras.
Qual sua opinião?

domingo, 24 de maio de 2009

Você é a favor ou contra ao terceiro mandato?

“Desde os anos 90 tem havido uma série de mudanças constitucionais em diversos países da América do Sul com objetivo de possibilitar a reeleição. Esta semana, com a aprovação de referendo para consultar a população a respeito de um terceiro mandato na Colômbia e a sinalização de o deputado Jackson Barreto (PMDB-SE) apresentar uma PEC (proposta de emenda constitucional) na Câmara sugerindo mais quatro anos ao mandatário brasileiro, o tema foi trazido à tona.

No Brasil, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), aprovou emenda constitucional em 1997, durante seu primeiro mandato, permitindo a reeleição.

No Peru, em 1993 foi aprovada a reeleição presidencial durante o mandato de Alberto Fujimori (1990-2000). Na Argentina, o ex-presidente Carlos Menem (1989-1999) aprovou a emenda que permite a reeleição em 1994.

‘Essas mudanças foram copiadas de um padrão dos Estados Unidos, que permitem reeleições para presidente’, afirma o coordenador executivo do OPSA (Observatório Político Sul-Americano) do IUPERJ (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro).”

*As informações são do UOL Notícias.

Você é a favor ou contra ao terceiro mandato? Se aprovado, os países serão beneficiados? Você acha que, como dia a imprensa em geral, mais os oposicionistas DEM e PSDB, seria um golpe? Por que quando foi FHC não foi golpe e nem a mídia foi contra como agora? Comente.

Novo Código Ambiental de Santa Catarina entra em vigor em meio a polêmica

Pela lei catarinense, faixa de mata ciliar fica reduzida a cinco metros. Legislação federal diz que essa área deve ter no mínimo 30 metros.

Ambientalistas de Santa Catarina estão em pé de guerra contra o novo código ambiental do estado. Foram quase dois anos de debates até a versão final do código ambiental. Os agricultores consideram a medida um avanço, já os ambientalistas afirmam que é um retrocesso. O Ministério Público Federal considera o novo código ilegal. “Na verdade, a legislação estadual só pode complementar a legislação federal, de maneira a proteger mais o meio ambiente. Se ela não protege, se ela reduz esta proteção, ela é inválida”, diz a procuradora do Ministério Público Federal, Ana Lucia Hartmann.

O ponto mais polêmico do código catarinense diz respeito à mata ciliar, que protege as margens de nascentes e rios e é de preservação permanente. A legislação federal diz que essa faixa de mata deve ter no mínimo 30 metros. Pela lei catarinense, a proteção fica reduzida e cai para cinco metros em caso de pequenas propriedades e vai até dez metros para as propriedades com mais de 50 hectares. Cerca de 90% dos agricultores de Santa Catarina vivem em pequenas propriedades. Para o governador Luiz Henrique da Silveira, a lei federal inviabiliza a permanência deles no campo. Ele defende o direito de os estados criarem seus próprios códigos ambientais.

"Nós temos que escolher. Nós queremos lavouras ou favelas? Este código ambiental precisa ser flexibilizado para a realidade dos estados”, afirma o governador Luiz Henrique da Silveira.

Os ambientalistas alertam que a aplicação do código pode vir a agravar catástrofes climáticas como a que castigou o estado no ano passado.

"Promovendo o desmatamento da vegetação, nós vamos ter mais infiltração e mais erosão, traduzindo em deslizamentos. Consequentemente, o código não é bom para o nosso futuro", diz Érico Porto Filho, gestor ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina e coordenador do comitê estadual da reserva da biosfera da Mata Atlântica.

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, pediu que a Advocacia Geral da União questione o novo Código Ambiental Catarinense no Supremo Tribunal Federal. Segundo o ministro, quem não respeitar a lei federal no estado será multado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Você concorda com a criação de um Código ambiental? O Ibama e o Ministério do Meio Ambiente devem interferir nessa decisão do estado de SC?

domingo, 10 de maio de 2009

País perde controle dos transgênicos


A primeira safra de milho geneticamente modificado no Brasil ampliará o descontrole do país em relação ao controverso uso desse tipo de produto na indústria de alimentos.
Além de já representar uma ameaça de contaminação a produtores de variedades não transgênicas, o milho transgênico deverá contaminar milhões de toneladas do grão convencional devido à decisão dos produtores de não separar os dois tipos de cultivo.
A reportagem da Folha visitou regiões produtoras no interior do Paraná e ouviu de produtores e cooperativas que não existe estrutura suficiente para colheita, transporte e armazenagem da produção transgênica separada da convencional.
A Lei de Biossegurança não exige a separação da produção, mas é clara ao exigir a fiscalização de todos esses processos, o que não ocorre.
Responsável por esse controle, o Ministério da Agricultura diz que ele é realizado, embora os produtores neguem.
Edmundo Klotz, presidente da Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação), afirma que a indústria está sendo obrigada a controles de matéria-prima que não são de responsabilidade dela.
A falta de controle confronta o direito dos consumidores de saber o que consomem e pode dificultar as exportações de produtos agrícolas e pecuários.

Transgênicos, ou organismos geneticamente modificados (OGM), são seres vivos criados em laboratório a partir de cruzamentos que jamais aconteceriam na natureza: planta com bactéria, animal com inseto, bactéria com vírus, etc. Usando uma técnica que permite cortar genes de uma determinada espécie e colá-los em outra, os cientistas criam organismos totalmente novos com características específicas. A soja Roundup Ready da Monsanto, por exemplo, recebeu genes de um vírus, duas bactérias e uma flor para se tornar resistente ao agrotóxico vendido pela própria Monsanto. A transgenia é uma técnica diferente de melhoramento genético, que realiza cruzamentos dentro da própria espécie, ou seja, milho com milho, soja com soja, arroz com arroz, etc.

Você é contra ou a favor de alimentos transgênicos?
Existem problemas para o meio ambiente?
O uso de OGMs acabará com a fome no planeta?
Quando você compra alguma alimento, há preocupação em saber a sua origem?
O que você acha das campanhas contra os alimentos transgênicos, como as veiculadas pelo GREENPEACE?

domingo, 3 de maio de 2009

Pensamentos

Respeitados economistas europeus e americanos avisam que a crise econômica global ainda vai atingir maior gravidade nos países em desenvolvimento. Responsáveis pela saúde do mundo temem a pandemia suína. Mas não é destas crises que aqui se fala, e sim de outra, específica, de nítida marca brasileira. Nasce do descrédito das instituições democráticas, nas barbas do Pacto Republicano recentemente selado.

O País tem o presidente mais popular de sua história e goza de um prestígio internacional nunca dantes navegado, graças à simpatia e à vocação diplomática de Lula, e a uma política externa inteligente, independente e assertiva. Em contrapartida, a nação não alimenta a mais pálida confiança em relação ao Legislativo e ao Judiciário.

A opinião pública brasileira, por mais difícil que seja traçar-lhe os contornos, está indignada com os comportamentos dos parlamentares federais, entregues a uma mamata, como se dizia antigamente, sem precedentes. Muitos brasileiros fingem não perceber a evidência: a falta de decoro e pudor é apenas um dos aspectos de uma inesgotável trajetória de predações variadas e crescentes, a gerar uma crise moral que transcende largamente as fronteiras do Congresso Nacional.

Sem grande esforço tropeçaremos em desmandos iguais nas assembleias estaduais e nas câmaras municipais de todo o País, sem excluir a possibilidade de algumas, raras, surpresas. E sem falar da leniência mais ou menos generalizada em relação a valores éticos, em nome do célebre jeitinho, praticado em quaisquer níveis com a celebração do lema: aos amigos tudo, aos inimigos a lei.

Quanto ao Judiciário, é o império do presidente Gilmar Mendes, despótico não somente em Diamantino. O ministro Joaquim Barbosa não está enganado quando afirma que a Justiça está a ser “destruída”, embora nem todas as responsabilidades caibam a Mendes. Resta um fato indiscutível: o entrevero no STF, encenado ao vivo na semana passada do Oiapoque ao Chuí, teria cenário mais adequado se desenrolado em um botequim do arrabalde.

Barbosa também não erra quando recomenda prestar atenção aos humores da rua. Mendes pode contar com o apoio estratégico dos seus pares e de boa parte da mídia, espanta, porém, a maioria dos patrícios e os incentiva a desacreditar da Justiça a partir da sua mais alta instância. São sentimentos e pensamentos que vêm de longe, agora, entretanto, se exasperam.

É possível que a crise das instituições não esteja tão clara aos olhos dos privilegiados e dos aspirantes ao privilégio. Ou, ao menos, dos cidadãos prontos a se identificarem com a hipocrisia midiática. Assentam suas crenças no seu próprio bem-estar, e o resto que se moa.

Conviria, porém, entender as razões deste descrédito vertiginoso em que despencaram o Legislativo e o Judiciário. Não se exija dos descrentes que na operação espremam as meninges. Constatem, simplesmente, que o Brasil continua atado à cultura da escravidão, a da casa-grande e da senzala. A prepotência, a desfaçatez, a empáfia dos predadores baseiam-se na certeza da impunidade e na resignação popular. A casa-grande age à vontade porque se sente à vontade.

Sim, em outros tempos a crise das instituições submeteria o Brasil a riscos hoje inimagináveis. Gerados inclusive pela necessidade dos presidentes governarem com o apoio de oligarcas e apaniguados. A questão tornou-se crucial depois do enterro do Estado Novo, primeiro com Getúlio democraticamente eleito e enfim suicida, depois com JK, com Jânio e suas apostas falidas, com Jango até o golpe.

A composição não foi árdua, depois da ditadura, para Sarney e Fernando Henrique Cardoso, excelentes no cumprimento da praxe antidemocrática. A dificuldade de Lula está aí com a nitidez do meio-dia, apesar de seu talento de conciliador, talento que nem sempre convém à situação. Nos tais tempos idos a casa-grande, em meio à meteorologia turva, não hesitou em convocar seus gendarmes. Hoje os gendarmes não são mais aqueles e os senhores quem sabe se tenham convencido de que como está é bom para eles, bom demais.

A casa-grande porta-se, sempre e sempre, com extremo imediatismo. O presente é que interessa, predação-já. Houvesse a vontade de cogitar do futuro, creio que o Brasil teria tomado os rumos da contemporaneidade. Mas a casa-grande jamais se preocupou com a senzala.

Qual a sua opinião sobre isso tudo? Você concorda com o texto escrito pelo jornalista Mino Carta ou você discorda integralmente? Temos ainda solução? E qual seria a solução, pensada, ponderada que poderíamos ter?

domingo, 26 de abril de 2009

Isto é Brasil

Por que tanto alarido com as passagens aéreas dos senadores e deputados, distribuídas a granel a familiares e apaniguados? Essa pilantragem antiga é mínima na maré de corrupção que desmorona o que deveria ser uma sociedade organizada a partir do poder político. O Congresso Nacional virou próspera agência de viagens, mas – no cômputo geral dos absurdos no Executivo, nas empresas estatais, no Judiciário e no próprio Legislativo – isso é quase nada.

Não é, porém, o tamanho que define o absurdo, mas o simbolismo em si. Viajar em dois anos 40 vezes ao Exterior por conta do poder público desmascara um velho hábito: entre nós, tudo o que é público é desprezível. Seja a verba da passagem, a merenda escolar, o lixo que atiramos nas praças, os resíduos vertidos aos rios ou o fogo ateado à mata, nada disso respeitamos porque “é público”. Ao ser de todos, só nos cabe usufruir...

A coisa pública não é vista como instrumento para prestar serviços à sociedade, mas como algo ao nosso dispor pessoal. Nas obras do Executivo, o percentual da “propina” virou rotina, pois o dinheiro “não tem dono”, é do Estado!

Nisso, as viagens dessa gente que se chama entre si de “Vossa Excelência” (linguagem pedante, sem paralelo no mundo inteiro) são a imagem concreta do parlamento. No Senado, na Câmara Federal ou na Assembleia Legislativa, funcionários vão e vêm sem parar para lubrificar uma burocracia destinada quase tão só a garantir a reeleição do patrão-parlamentar.

A noção de Estado deixou de existir. Caminhamos para uma subdesenvolvida visão plural do “L’État c’est moi” – “O Estado sou eu” – do rei Luís XIV.

O que dizer dos entreveros verbais do presidente do Supremo Tribunal, Gilmar Mendes, e do ministro Joaquim Barbosa, “o Negrão”, como o chamam por lá, onde, antes, nunca entrara alguém de cor? Não disse ele o que milhões de pessoas indagam em surdina e os meios de comunicação refletem? “Não estarão destruindo a Justiça no país? Ou destruindo a credibilidade do Judiciário?”

No mesmo dia, outro tribunal superior ordenou libertar o fazendeiro do Pará que mandou matar a missionária norte-americana Dorothy Stang, que evangelizava índios e camponeses dando-lhes consciência cidadã...

Portanto, as perguntas que ficam são: o que nós, enquanto cidadãos, podemos fazer para mudar essa situação?
É verdade, como disse o Potter, do Pretinho Básico, que o Congresso Nacional é a nossa cara, porque faríamos as mesmas coisas caso estivessemos lá?
E o Judiciário? A Veja (claro, sempre ela) ainda diz que o ministro Joaquim Barbosa perdeu a "compostura"...
Mas e o Gilmar Mendes?
Quem "venda" Habeas Corpus para o Maluf??
O filho dele??
Os escândalos com Chico Mendes, seu irmão?
O Daniel Dantas?? Que justiça temos nesse país?? Há solução?
Aqui neste blog, VOCÊ DECIDE... hehehe

sábado, 18 de abril de 2009

A favela no limite

O governo do estado do Rio de Janeiro decidiu erguer muros de 3 metros de altura para impedir que os barracos avancem em direção à mata ou se dependurem em áreas de risco. Não demorou para que a iniciativa fosse crivada de críticas, dando conta de que a intenção das autoridades só poderia ser segregar os pobres.
O caso ganhou repercussão internacional. Surgiram comparações com o Muro de Berlim e o da Palestina, para ficar em apenas dois exemplos citados em seu blog pelo escritor português José Saramago. E disseminou-se a ideia estapafúrdia de que as favelas seriam integralmente cercadas, ganhando feições de cidadela medieval. O suplemento de turismo do jornal espanhol El País chegou a publicar que os muros têm por objetivo esconder as favelas, e uma jornalista francesa procurou assessores do governo para saber que tamanho teriam os portões de acesso aos morros. Houve quem se preocupasse com o aspecto mais formal da história, defendendo a substituição dos muros por cercas vivas, e estabeleceu-se uma celeuma em torno de que espécie de planta seria mais adequada para essa finalidade. Nesse campo fértil para desvarios, a discussão ganhou um viés ideológico que desviou a questão de seu foco principal: a necessidade de conter o avanço das favelas.

Qual a sua opinião sobre a construção desse muro? Segregação? Guetos? Divisão ricos e pobres? Um mal necessário?

domingo, 12 de abril de 2009

“A reação é tão grande hoje contra o parlamento, que talvez fosse a hora de fazer um plebiscito para saber se o povo quer ou não parlamento!!

Meninos e meninas, eu vi. Eu vi o senador Cristovam Buarque, na tribuna do Senado, sugerindo um plebiscito para que a população decida sobre se o Congresso deve ou não ser fechado. Disse ele: “As razões não são apenas as dos escândalos. São as razões da inoperância e são as razões do fato de que estamos hoje numa situação de total disfunção diante do poder. De um lado, tem as medidas provisórias do Executivo e, de outro, as medidas judiciais do Judiciário. Nós somos quase que irrelevantes”.

Não fosse o tom brando e adocicado, o discurso do senador Cristovam Buarque teria sido peça-padrão do papo político nacional. Típico, típico, mesmo seria proferi-lo em tom indignado, numa mesa de bar. Mas o roteiro foi clássico. Começou reprovando obviedades e terminou propondo uma asneira. Ele não quer uma reforma política como precisaria ser feita. Ele sugere uma espécie de AI-5 da “cidadania”. Ou haverá quem tenha dúvidas sobre o resultado de tal consulta popular, caso a ideia fosse levada a sério? O senador, que diz ser contra o fechamento, mas propõe o plebiscito, é o Márcio Moreira Alves da vez.

Eis, leitor, para onde desanda o parlamento em nossa combalida democracia, por culpa de uma elite que só o vê como palco do jogo de interesses e conveniências, de um modelo institucional que há um século não consegue produzir algo melhor do que isso mesmo, e de um plenário que se abaixa até mostrar os fundilhos.

Se é verdade que cada povo tem o governo que merece, não é menos verdade que cada povo tem o sistema de governo que suas elites preferem. A inteligência brasileira, infelizmente, não vai além dessa geringonça que temos aí. Não se espere do cidadão comum, do homem da rua, que aponte as origens das mazelas que observa nem que conceba modelos institucionais para corrigi-las. Isso cabe à elite política, acadêmica, cultural. E ela é, hoje, nosso maior problema.

O que você acha dessa atitude do senador Cristovão Buarque? Qual sua opinião sobre o Congresso Nacional? De quem é a culpa por essa situação dos nossos políticos?

sábado, 4 de abril de 2009

Cidade italiana determina separação de nativos e imigrantes em linha de ônibus

Uma nova questão na área da segurança e da tranquilidade. A partir de segunda-feira, os imigrantes e os cidadãos de Foggia (região italiana de Puglia) que usam a linha urbana 24 viajarão em ônibus diferentes. Um para negros e outro para brancos. Foi o que decidiu o chefe de polícia, que depende do Ministério do Interior. Para a empresa local de ônibus e para o prefeito, de centro-esquerda, pareceu uma medida razoável.

A linha 24 cobre o trajeto que leva do centro da cidade até o bairro periférico de Borgo Mezzanone. Perto do lugar, a 2 quilômetros, se situa o Centro de Permanência de Requerentes de Asilo (Cara, na sigla em italiano), que hoje abriga 800 pessoas, apesar de só ter capacidade para 500. O prefeito Orazio Ciliberti explicou que a linha 24 estava causando problemas por estar sempre lotada. "Os passageiros iam amontoados e algumas vezes os nativos acusavam os estrangeiros de não pagar passagem; os estrangeiros acusavam os italianos do mesmo e havia brigas frequentes. Assim melhoramos o serviço e evitamos as brigas."

A única diferença entre as duas linhas 24 é que a dos imigrantes, quase todos subsaarianos, terá uma parada a mais, perto do Cara, que a linha usada pelos nativos. O prefeito argumenta que a separação favorece os imigrantes, que não terão de caminhar tanto.

O governador da região, Nichi Vendola, disse que a medida lhe parece um "apartheid intolerável" e pediu ao prefeito que se os serviços atuais são insuficientes sejam reforçados "para todos". "A linha para extracomunitários tem todo o sabor de separação, deve ser abolida o mais cedo possível", disse.

O tunisiano Habib Ben Sghaier, presidente da Associação de Comunidades Estrangeiras de Foggia, considerou a medida "puro racismo" e disse que fica difícil acreditar que tenha sido aprovada pela delegação de governo.

Mas a ONU, através de sua agência para refugiados Acnur Itália, defendeu o serviço e considera que não é discriminatório. Segundo Laura Boldrini, porta-voz da agência, "o ônibus que conecta o Cara de Borgo Mezzanone com a estação de Foggia está ativo há vários anos. Se a linha fosse a única utilizável e fosse proibido aos imigrantes utilizar outros meios públicos, seria um fato gravíssimo. Mas segundo a informação que temos, não é essa a situação."

Segundo a Acnur, o dado positivo é que a comunidade local de Foggia sempre foi acolhedora com os filhos dos solicitantes de asilo, que frequentam as escolas locais. "Para evitar tensões entre os moradores e os imigrantes, é importante que haja disponibilidade de serviços para todos, incluindo transportes públicos", acrescenta a porta-voz, "e que se aumentem os transportes entre o Cara e a cidade."

O alto número de imigrantes que espera o direito de asilo, indica também a Acnur, "não ajuda na tranquilidade da convivência".

Xenofobia... Em pleno século XXI, ainda temos atitudes como essa, em um país de Primeiro Mundo. Qual sua opinião sobre esse assunto?

terça-feira, 31 de março de 2009

Ditadura Militar - 45 anos

Na sua opinião, o dia 31 de março de 1964 foi marcado por um golpe militar ou por uma revolução?

O estopim do golpe militar aconteceu em março de 1964, quando o presidente João Goulart, após um discurso inflamado no Rio de Janeiro, determinou a reforma agrária e a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo.

Imediatamente, a elite reagiu: o clero conservador, a imprensa, o empresariado e a direita em geral organizaram, em São Paulo, a "Marcha da Família Com Deus pela Liberdade", que reuniu cerca de 500 mil pessoas. O repúdio a qualquer tentativa de ultraje à Constituição Brasileira e à defesa dos principios, garantias e prerrogativas democráticas constituíram a tônica de todos os discursos e mensagens.

Apesar da manifestação, em 31 de março os militares iniciam a tomada do poder. No dia 2 de abril, o presidente João Goulart partiu de Brasília para Porto Alegre e Ranieri Mazilli assumiu a presidência interinamente. Dois dias depois, João Goulart se exilou no Uruguai.

Na sua opinião, o dia 31 de março de 1964 foi marcado por um golpe militar ou por uma revolução? Quem forçou a interrupção do governo do presidente João Goulart? Comente.

domingo, 29 de março de 2009

Vestibular

Este ano, no país de 1,3 bilhão de habitantes, cerca de 9,5 milhões de estudantes chineses prestaram exames em junho para tentar uma das 2,6 milhões de vagas oferecidas nas 116 universidades da China. Mas a China, que possui o maior vestibular do mundo, e o Brasil, possuem um processo de seleção universitária com bastantes semelhanças, mesmo sendo países tão diferentes. Para começar, na China, bem como no Brasil, os jovens aspirantes a uma vaga na universidade também tem de passar por uma exaustiva maratona de estudos. Porém, ao invés de vestibular, chama-se Exame Nacional para Entrada na Faculdade.

Na China, aqueles que não conseguem uma vaga na universidade na primeira tentativa, podem fazer o exame novamente no próximo ano. A maioria que reprova, apela para cursinhos preparatórios. Eles preparam-se muito durante o ano prévio ao vestibular, e chegam a estudar 14 horas por dia para os exames. Estudo na China é levado a sério pela maioria. A pressão dos pais também é grande. Isso pode atrapalhar, segundo estudantes. Os alunos, muitas vezes desesperados, apelam para a cola no dia dos exames. Neste ano, por exemplo, para evitar fraudes, algumas universidade chinesas bloquearam sinais de telefone celular e instalaram câmeras durante o período das provas. Isso tudo também aumenta a tensão dos estudantes. Por conta desse tipo de comportamento, todos os estudantes tem que assinar um termo prometendo não trapacear nas provas. Além disso, haverá agora um banco de dados registrando a credibilidade dos alunos.

Como no Brasil, os estudantes podem sair do segundo grau e optar pelo curso que desejarem, seja medicina, jornalismo, biologia. Mas os cursos mais concorridos obviamente precisão de uma pontuação mais elevada. No país asiático, os cursos mais disputados são informática e economia, áreas mais abrangentes e com salários superiores na China. Outra questão interessante, é que o vestibular chinês é realizado da seguinte forma: há três disciplinas obrigatórias (chinês, uma língua estrangeira e matemática) e outra é de acordo com o curso escolhido pelo aluno.

No Brasil, ao contrário do que pensam alguns, os nossos vestibulares são impecáveis para a tarefa de selecionar os melhores candidatos. Como nos países de educação séria, buscam identificar os alunos que melhor dominam os conteúdos do ensino médio. Há sólida evidência de que barram os mais fracos e aprovam os mais sabidos, escolhendo assim os que terão mais probabilidade de sucesso nos cursos superiores. Sua administração é ágil, sem fraudes e mostra resultados rapidamente. Coisa de país sério. Várias nações do nível do Brasil não têm nada comparável. Ora, se são tão bons assim, por que o MEC anuncia sua iminente decapitação?

Em contraste com pretéritos acessos de burrice, desta vez o MEC está coberto de razão. Embora descubra e selecione os melhores, o vestibular atual é inconveniente para os candidatos. E, pior, massacra o ensino médio. Entendamos a lógica do vestibular. Inclui perguntas fáceis, para separar os burrinhos dos apenas meio burrinhos. E, entre os 2% mais sabidos, é preciso identificar o 1% ainda melhor, para que eles sejam aceitos nos cursos hipercompetitivos. Conseguir isso, só com perguntas difíceis. Porém, a presença de perguntas terrivelmente ardilosas ilude o ensino médio, pressionado a ensinar tudo o que pode aparecer na prova. O resultado é uma inundação curricular. É muito mais matéria do que é razoável esperar que a vasta maioria dos alunos possa digerir. Ao contrário de países como o Japão – em que o currículo é desenhado para que todos possam entender tudo –, somente um ou outro gênio tupiniquim conseguirá se beneficiar dessa abundância. Para a maioria, o excesso de assuntos dilui o ensino – é muita água deitada ao feijão. Quando se tenta ensinar demais, aprende-se de menos. Não há tempo para profundidade. Portanto, não há tempo para uma real educação. É decorar palavras e fórmulas, o que sabemos ser uma perversão do ensino.

Quando se cria uma prova centralizada e única, acaba-se com o passeio aflito para prestar múltiplos vestibulares. Como são muitos candidatos, diluem-se os custos de preparar uma prova tecnicamente sofisticada. Ainda mais importante, é possível formular um teste circunscrito aos aprendizados essenciais do ensino médio. Os vestibulares atuais são feitos por professores que buscam garantir o conhecimento de suas matérias por parte dos calouros. Meritório. Mas, quando todos fazem o mesmo, a prova fica ambiciosa demais. Em contraste, uma prova concebida para o ensino médio que almejamos tem melhores chances de conter as tentações dos especialistas de cada área.

O Enem é o candidato mais óbvio para substituir os vestibulares tradicionais. Em que pesem alguns problemas técnicos, é uma prova que vem melhorando ao longo do tempo. Sabemos que seleciona praticamente os mesmos candidatos que um vestibular tradicional. E, ao contrário dos vestibulares, privilegia o raciocínio e o conhecimento dos conteúdos centrais que devem ser aprendidos no médio. Dispensa decoreba. Esse é o lado bom, mas também traz perigos. Se a prova ficar apartada demais dos conteúdos curriculares tradicionais, haverá o risco de que as escolas parem de ensiná-los. Nem tanto ao mar nem tanto à terra. Com boas razões, o MEC quer temperar o Enem com um pouco mais de currículo. O equilíbrio do tempero é crítico. Currículo de mais, volta a ser vestibular de federal. E, de menos, deixa de orientar o ensino. Além disso, para que se reduza a margem de erro, é preciso aumentar o número de perguntas, mas isso é problema menor.

Os candidatos fazem a prova e ganham uma nota. O sistema vai parecer um pouco com o americano (exceto pela diferença nas provas). Lá, os alunos fazem o teste SAT, que passa a ser o certificado nacional do tanto que aprenderam na escola. Munidos dele, apresentam-se a diferentes instituições. Estas, por sua vez, decidem se aceitam um candidato com tal ou qual pontuação. Ademais, antes de decidir, costumam exigir outras demonstrações de aptidão ou vocação.

No caso brasileiro, o novo Enem será a cotação do aluno na "bolsa de valores acadêmicos". Diante dos outros candidatos que aparecerem, o curso compara e decide. Um curso muito concorrido poderá escolher os melhores talentos. Outros se contentarão com desempenhos mais modestos. Para as universidades, faz pouca diferença. Atualmente, baseado no vestibular da instituição, cada curso escolhe os melhores que optarem por ele. No sistema proposto muda pouco, embora seja uma prova nacional. Os candidatos ao curso trazem as suas notas, e os melhores serão escolhidos. O candidato brilhante do Acre pode entrar na medicina da UFRGS. Em contrapartida, a UFRGS poderá recrutar um aluno brilhante no Acre. Para os dois lados, a concorrência passa a ser nacional e mais aberta.

Se o curso de medicina achar que precisa de alunos que conheçam mais nomes de bichinhos e plantinhas, poderá fazer uma prova adicional. A grande vantagem é que somente os alunos voltados para esses cursos precisam decorar as amebas e protozoários. Naturalmente, o curso de educação física pode querer que os alunos deem a volta no quarteirão correndo, para ver se estão em boa forma. Os candidatos de arte podem se ver obrigados a desenhar a cara do reitor, para testar seus talentos. Por que não?

Recordando: para selecionar os candidatos mais talentosos, nosso vestibular não deixa nada a dever aos de outros países. Seu problema é envenenar o ensino médio com o dilúvio de conhecimentos exigidos. Para consertar o médio, é preciso divorciá-lo desse vestibular. Já passou a hora de liberar o ensino médio dessa tirania. Afinal, só a metade dos graduados vai para o superior e, desses, só uma quarta parte para cursos de acesso competitivo. Faz muito sentido a proposta do MEC de exame nacional com um Enem turbinado. Vamos torcer para que seja bem implementada.

Portanto, mudar o sistema é uma boa ideia? Você é a favor ou contra essa mudança?

sábado, 21 de março de 2009

Educação (?) Brasileira: a máquina do analfabeto funcional


lá caras-pálidas... então, bombou a última participação de vocês: quase 10 alunos... uau!!! Ainda bem que não precisam de nota, né?? De qualquer forma, são temas que discutimos aqui que são, na minha visão, importantes para você no vestibular. O de hoje não foge a regra. Vejam a imagem ao lado.


O texto de uma aluna de 11 anos, matriculada na rede municipal do Rio de Janeiro, começa assim: “Teu nome é tenho anos moro teneio irmãos”. A diretora da escola mostrou a redação à secretária de Educação como argumento para pedir aulas de alfabetização para o 6º ano.

Na semana passada, a Secretaria de Educação do Rio descobriu que há 25 mil alunos assim na rede. Analfabetos funcionais cursando entre o 4º e o 6º ano. Os números são o resultado preliminar de provas aplicadas pelo Instituto Ayrton Senna a pedido da Secretaria Municipal de Educação. Entre os 90 mil matriculados no 6º ano, há cerca de 9 mil alunos nessa situação. A escola falhou em identificá-los a tempo.

O que pode ser feito pela educação no Brasil? Temos solução ainda? E quais as conseqüências para o futuro da Nação com esse contingente de trabalhadores que estão chegando com o segundo grau "completo"?

domingo, 15 de março de 2009

Duas mães

Olá, caras-pálidas.. aqui embaixo repasso uma reportagem da revista Época de 15 de março. Dêem uma lida:

"Munira Khalil El Ourra não vai dar à luz, mas é mãe de duas crianças que vão nascer até a primeira semana de maio. Quem está na 31ª semana de gestação é sua companheira, Adriana Tito Maciel. A barriga é de Adriana. Os óvulos fecundados que grudaram no útero dela pertenciam a Munira. Os bebês já têm nome: Eduardo e Ana Luísa. Serão paridos e amamentados por Adriana, de pele marrom e cabelo que nasce crespo. Mas terão a cara de Munira, branquinha e de cabelo liso.

Para a lei, mãe biológica é quem carrega a criança no ventre. Mas um exame de DNA mostraria o contrário. Nem Adriana nem Munira pretendem disputar na Justiça a guarda das crianças. O que elas querem é sair da maternidade juntas, com um documento que permita registrar as crianças no cartório com o sobrenome de cada uma e o nome das duas mães na certidão de nascimento. Como qualquer família normal.

O sonho de ter filhos era antigo para as moças de 20 e poucos anos que se conheceram em Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo. A decisão de namorar sério foi influenciada por esse interesse em comum. Em poucos meses, estavam dividindo um apartamento e fazendo planos. Algum tempo depois, Adriana descobriu no ginecologista que seu útero estava ameaçado por uma doença que já lhe tinha arrancado um ovário: a endometriose. “Fiz tratamento desde os 18 anos”, diz Adriana. “Na época, achavam que era cólica menstrual e medicavam com morfina. Quando descobriram, já tinha perdido o ovário direito. E as dores continuavam.” O médico disse a ela que uma gravidez reduziria o problema em 80% e ainda lhe daria a chance de ter um filho antes que o útero ficasse inválido.

Apesar do relacionamento ainda recente, Munira e Adriana aceitaram a ideia e procuraram um especialista em reprodução humana no Hospital Santa Joana para fazer a inseminação artificial. “A gente achava que iria comprar esperma, levar para casa e aplicar com uma seringa”, diz Munira. Os planos mudaram quando o novo médico descobriu que Adriana só tinha metade do ovário esquerdo e já não podia engravidar com os próprios óvulos. Ele sugeriu que Munira cedesse os seus. Se usassem o sêmen de um homem de mesmos traços que Adriana, o filho seria parecido com as duas mães.

As duas moças se animaram com a possibilidade de ter um filho que tivesse um pouco de cada uma. Ainda hoje, Adriana se emociona ao contar essa parte da história. Tinha sido muito dolorido receber a notícia de que não poderia ter filhos do seu próprio sangue, e o gesto de Munira foi mais que bem-vindo. “Foi a maior prova de amor que ela poderia me dar.”

Decisão tomada, era preciso fazer alguns exames e começar o tratamento hormonal para estimular os ovários de Munira e sincronizar os ciclos menstruais das duas. Os óvulos de Munira deveriam estar prontos para a inseminação artificial (em laboratório) na mesma época em que o útero de Adriana estivesse pronto para fixar os embriões. Munira se queixava dos percalços do tratamento. De abril a agosto do ano passado, as injeções diárias na barriga, a oscilação de humor que parecia uma TPM constante, a ultrassonografia vaginal toda semana, o acúmulo de líquido no corpo e o ganho de peso eram o preço que ela tinha de pagar pela bênção de ser mãe. Em breve, seria a vez de Adriana suportar a gravidez.

Quando essa fase chegou, Munira diz ter sentido em seu corpo muitos dos sintomas da gravidez da companheira. “Parecia que eu tinha ficado grávida também.” Ela diz ter sentido enjoos, estrias que nunca haviam existido, mau humor, dores nas costas, dor nas pernas, cansaço de dia, insônia de noite e até desejos estranhos. Fernando Prado, o ginecologista das duas, diz não ter explicação para essa sintonia. Ele não descarta que Munira possa até mesmo ter leite quando os bebês nascerem.

Dos exames à gravidez, todo o processo funcionou até melhor que o esperado. “Eu não imaginava que daria certo de primeira”, diz Prado. Segundo ele, a chance de uma inseminação desse tipo vingar é de 50%, levando em consideração a idade das pacientes e outras condições de saúde. Como Adriana ainda tinha miomas no útero por causa da endometriose, imaginou que seria preciso retirá-los antes. Mas eles nem fizeram cócegas. Para ajudar, em vez dos dez a 15 óvulos esperados após o tratamento hormonal, Munira rendeu mais de 20.

Outro possível obstáculo para o procedimento era uma resolução de 1992 do Conselho Federal de Medicina. Ela estabelece que a técnica do “útero de substituição”, nome oficial da “barriga de aluguel”, só é permitida entre parentes. Prado deu uma interpretação mais moderna à regra. Decidiu considerar o relacionamento de suas pacientes um modelo de família. “Essas novas famílias têm uma formação diferente, mas continuam tendo o mesmo propósito e a função social de sempre.”

Munira e Adriana sabem que muita gente acha que elas não serão capazes de manter uma família como os casais heterossexuais. Mas estão seguras de sua decisão e têm o apoio da família. Dizem que contarão com os tios para ensinar Eduardo a fazer coisas de menino – jogar bola, brincar de carrinho, defender-se na rua. Munira diz que, na empresa em que trabalha como analista financeira, todos festejam a gravidez da companheira. “Quando contei que eram gêmeos, fizeram uma festa surpresa para mim”, afirma. “Minhas faltas durante o tratamento também eram perdoadas sem drama.” Outro sinal de solidariedade foi a sugestão do departamento de RH de que ela registrasse em cartório sua união estável com Adriana e requeresse no plano de saúde a inclusão do nome da parceira como dependente. Só ficou faltando a licença-maternidade. Para seguir a lei, a empresa vai conceder a Munira uma semana de licença, a mesma que é concedida aos pais.

Apesar do sucesso do procedimento e de todo o acolhimento que tem recebido, o casal ainda se sente injustiçado por uma legislação que não prevê seu direito de registrar os filhos no nome das duas mães. Logo que entenderam que seriam ambas mães biológicas dos gêmeos (uma de acordo com a lei, outra de acordo com a ciência), procuraram quem as ajudasse a conseguir um documento que regularizasse essa situação. Encontraram a advogada Maria Berenice Dias, há 35 anos dedicada à causa dos homossexuais no Rio Grande do Sul. Maria Berenice assumiu o caso, segundo ela inédito. Não se tem notícia de um processo judicial no Brasil movido por um casal gay interessado em registrar dupla maternidade.

Justamente pelo ineditismo, as chances de vitória não são grandes. Embora não exista na legislação nada que impeça o registro de uma criança por duas mulheres, Maria Berenice teme que o preconceito seja uma barreira intransponível. “Podemos topar com um juiz que decida negar o pedido alegando que as crianças poderão sofrer consequências terríveis por ter duas mães e nenhum pai.”

Maria Berenice chama sua especialidade de Direito Homoafetivo. O Rio Grande do Sul, onde mora, é o Estado que mais tem avançado na jurisprudência favorável à união estável de casais gays e à adoção de crianças por duplas de homens ou de mulheres. São Paulo teve o primeiro caso de adoção de uma criança por um casal gay – em 2006, em Catanduva, no interior do Estado –, mas na maior parte das cidades o tema ainda é um tabu.

A legislação brasileira não é a única que permanece lenta diante das mudanças na ciência e na sociedade. A chef americana Cat Cora, que comanda um programa de culinária na TV, está passando por transtorno semelhante ao das brasileiras. Ela mantém um relacionamento estável há dez anos e já tem dois filhos gerados por sua companheira, Jennifer. O segundo filho foi feito por fertilização in vitro com óvulos de Cat, mas ela foi impedida pela lei americana de registrá-lo diretamente no cartório como a segunda mãe. Foi preciso entrar com um pedido de adoção para garantir direitos e deveres de mãe sobre ele. “É injusto, mas é a lei”, disse Cat. Agora, Jennifer está grávida de novo, e Cat engravidou pela primeira vez. Desta vez, ambas retiraram óvulos para a fertilização in vitro, formando embriões que foram transferidos para as duas barrigas. Ainda não se sabe de qual delas é o DNA do bebê que vai nascer de cada uma. Para todos os óvulos, foi usado sêmen do mesmo doador anônimo. Assim, as crianças serão irmãs também por parte de pai.

Na Espanha, a legislação é mais aberta. Com base em uma lei do Código Civil de 2005 que iguala em direitos e deveres a união estável de homossexuais ao casamento heterossexual, no final do ano passado o governo espanhol permitiu que um casal de mulheres gerasse um bebê por fertilização in vitro, usando um doador de sêmen anônimo, e o registrasse no nome das duas. Ambas são oficialmente consideradas mães biológicas porque uma doou os óvulos e a outra gestou o feto em sua barriga – exatamente como fizeram Adriana e Munira. O presidente da Comissão Nacional de Reprodução Humana Assistida do Ministério da Saúde e do Consumo da Espanha, Augusto Silva, diz que a lei garante direitos iguais a casais de qualquer gênero. “Não estamos estabelecendo uma obrigação. Mas deve ficar claro que a permissão que demos a essas mulheres vale para todos.” Silva diz que a Comissão está trabalhando pela modificação da lei de assistência reprodutiva para que não haja mais dúvidas de que, onde há casamento, há o direito à reprodução assistida.

Munira poderia ter seus direitos de mãe reconhecidos de forma mais fácil. Bastaria entrar com uma ação para adotar seus próprios filhos. Com a jurisprudência construída desde 2006, é provável que ela ganhasse uma ação desse tipo. Mas não é isso que ela e Adriana querem. Sua expectativa é ganhar a ação da maternidade e dar origem a uma jurisprudência para favorecer casos como este no Brasil. Embora não sejam ativistas, Munira e Adriana dizem que ficariam orgulhosas de abrir caminho para outros casais homossexuais. Se perderem o caso, ficarão tristes. Mas a derrota não terá efeito nenhum na forma como pretendem criar seus filhos. “Registrando ou não, elas serão mães dessas crianças”, diz a advogada Maria Berenice. “Juiz nenhum vai apagar o que já existe.”

Então... qual a sua opinião sobre essa reportagem?

Você concorda com a atitude das duas mulheres?

O que é melhor: um casal homossexual adotar uma criança ou deixar crianças nas ruas e sinaleiras?

O que impede as pessoas de aceitarem essa opção?

Você concorda com a inseminação artificial?

Deixem seus comentários aqui, anêmicos... valerá nota!!!


Abração e boa semana para todos

quarta-feira, 4 de março de 2009

Caras-pálidas!!

A partir de hoje, anêmicos, teremos esse ponto de encontro para tabalhos, discussões e trabalhos, bem como exercícios e dicas para o vestibular... ok??

Então, uma grande abraço a todos, um bom ano para nós e felicidades nos vestibulares do ano!!

Até mais amigos

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Bom... ano novo, vida nova!!! É pelo menos o que dizemos sempre na virada do ano. Este novo ano poderia ser o ano da virada com referência ao meio ambiente mas... as coisas não estão parecendo ir de encontro ao fim do analfabetismo ambiental. Enfim, além deste pequeno problema, tem ainda a intransigência no Oriente Médio, principalmente por parte de Israel. Já tivemos exemplo a uns dois anos atrás, da invasão irresponsável do Líbano. E sempre se culpando alguém (Hezbollah, agora Hamas)... Sempre afirmo, sem medo de parecer antisemita, que a solução para o Oriente Médio é simples: a retirada dos judeus (que não são dali, não esqueçam isso - o sionismo diz que os judeus tem o direito de ter uma pátria mas ninguém lembra que hoje é o único povo que tem DUAS pátrias, a que ele nasceu e a que ele vive) e também a retirada do Oriente Médio dos EUA. Mas simples não é simples... Feliz 2009!! Espero que seja um ano de vitórias ambientais e muita paz.